terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Interessante...

"- Você não faz idéiado que estou sentindo.

- Bem, deixe-me tentar. Parece que alguém te deu um chute no estômago. Parece que seu coração parou de bater. Parece aquele sonho, aquele em que você está caindo... e quer desesperadamente acordar antes de chegar ao chão... mas está fora do seu controle. Você não pode confiar mais em nada. Ninguém é o que diz que é. Sua vida mudou para sempre .A única coisa a se aproveitar dessa experiência horrível... é que ninguém vai conseguir partir seu coração dessa forma novamente."


Do filme "The Women". Regular, mas com um certo charme. Talvez seja só a Eva Mendes...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sobre aquele show.


No blog do Bruno Medina, há um post em que ele pede “emprestadas” fotos da mini-turnê no Nordeste, que aconteceu respectivamente nos dias 15, 16 e 17 e outubro em Recife, Fortaleza e Salvador. Ele explica que vai falar sobre esses shows sem o cansaço da maratona, “mas com a calma e dedicação que a ocasião e o público merecem”. No meu caso, além do esgotamento físico, mental e emocional, acontecimentos posteriores me impediram de escrever antes. Mas quero registrar agora esse momento, que além da lembrança, nenhum vídeo ou imagem conseguirá reproduzir fidedignamente no nível das sensações. Em mim, elas ainda estão fresquinhas.

Foram meses de expectativa. Sentimentos misturados. A sensação do abandono, enfim, sobreposta pela esperança de vê-los no palco novamente. Temos os discos, os DVDs, toda a sorte de vídeos não-oficiais espalhados pela rede, entrevistas, documentários, lembranças, mas foi em cada um dos shows desses músicos em que se consagrou a comunhão da banda com seus fãs. Era nos shows em que as lágrimas de puro êxtase eram compartilhadas, enquanto vozes em uníssono entoavam as palavras que saíram daquelas cabecinhas geniais para ilustrar uma fase única da história de nossas vidas. Ao longo desses quatro discos, aprendemos a contar nossas próprias histórias através de suas letras, com cada melodia servindo de fundo para uma trilha impecavelmente sincronizada com a verdade de nossos corações. No dia em que conheci Rodrigo Amarante, foi isso que quis lhe dizer, em duas tentativas vãs. “Você faz idéia do que a sua arte representa na vida de cada uma dessas pessoas?!”. Era impossível explicar, mas eu torci para que ele houvesse captado a mensagem principal.

Aos sensíveis, o que resta é sentir. Aos jornalistas, a função impossível de escrever resenhas que passem alguma fidelidade informativa aos leitores e aos fãs do resto do Brasil que ainda não foram agraciados com esse presente particularmente especial. Impossível, pois a função dessa banda nunca foi informar a arte, mas fazer músicas honestas, com profundidade artística e sentidos próprios que sintetizassem todos os demais, numa obra plural e significativa nos aspectos mais valiosos da música. Onde mais uma mesma canção é capaz de reunir tantas infinitas interpretações que, no fim, acabam sendo uma só compreensão de “sentimento do mundo”? Drummond tinha apenas duas mãos e esse mesmo sentido, Los Hermanos tem duas mãos vezes quatro cabeças e um infinito sentimento de mundo, do meu e de qualquer mundo onde caibam sentimentos tão intensos.

Cada show da banda representou um marco na minha vida. O início de uma nova fase, a marca de um recomeço, de reconceituações necessárias. Nas apresentações era possível dizer um adeus necessário, mas sem abandono, ou abraçar lembranças preciosas quase a ponto de vivê-las novamente. É uma nostalgia de presente. Saudade do agora. Saudade do futuro que muda a cada vez que decidimos por um presente diferente... Ao olhar nos olhos das pessoas ao lado e ver sua verdade escorrendo pelos seus rostos. Segurar a mão dos que amamos, cantando juntos, e abraçá-los nas faixas mais difíceis. Comunhão artística sim, das mais plenas, do artista, passando pelo meio, chegando ao público.


Pensar que nunca mais haveria um momento assim era um tanto desolador. Nos consolávamos com apresentações cover, rodas de violão ou sessões íntimas em que silenciosamente ou aos berros, ouvíamos música por música, disco por disco, inconformados de saudade. Em Fortaleza temos até uma banda cover “oficial” que se chama Retrato Ventura, com metais e tudo mais, onde íamos periodicamente derramar as lágrimas do triste fim desse sonho, do qual nunca acordamos e que nos recusamos a acordar até hoje.


Então, o grande dia finalmente chegou. E agora? O que sentir? Que sentimentos são esses que vêm tão involuntariamente, sem vergonha, sem pudor? Amor! Cada fã, eu tenho certeza, assistiu aquele show com o maior amor do mundo dentro de si, com os mais nobres e profundos sentimentos que já foram capazes de sentir. Era necessário sorrir, cantar, gritar e chorar ao mesmo tempo. O tempo! Quanto tempo pode durar um show num festival? Ainda era necessário reaprender a sonhar os velhos e queridos sonhos. Eis a chance! Todos os sonhos de volta como numa retrospectiva cinematográfica. O filme da minha vida. E eles voltaram um a um. E eu rezei por coisas que rejeitei. Rezei por coisas que neguei e pelos sonhos que fui forçada a abandonar. Rezei de verdade, minha gente. Eu roguei, com lágrimas nos olhos, por um único daqueles momentos sagrados, nem que fosse o último. Eu dizia aos amigos “vocês percebem que estamos vivendo algo impossível, que jamais aconteceria novamente?!”. Se era possível estar ali, diante de um palco com o Los Hermanos, tudo mais podia ser. E foi.


Não há o que falar da impecabilidade técnica, é fato. Não é necessário comentar o setlist, sempre perfeito. Faltou o Sétimo Andar, mas acho que foi melhor assim. Não sei se eu aguentaria essa... Faltou Casa Pré-Fabricada... Mas acho que não cabia num Ceará Music. Então, faltou a promessa de um show para os fãs. Um show de, no mínimo, duas horas e meia de duração. A gente ajuda, a gente canta, bate palma, faz percussão. A gente sonha com esse dia até ele chegar, mas que chegue... Chegue com ares de quem vem para ficar. Queridos, nós que aqui ainda estamos por vós continuamos esperando.



Obrigada por tornar esse sonho possível.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

do dia 23 de setembro.

Entra na roda ou acorda ou vai rodar.

Disseram que eu “entrei na roda”. Que roda é essa? Que eu saiba, a da fortuna é a mesma da miséria, depende de onde ela resolve parar.
Dizem que eu entrei no jogo. E que jogo é esse? Um reality show? A vitória consiste em conquistar o máximo da aprovação dos outros? Eu não sei nada de jogos, além de perder muito. Não jogo xadrez pra não pegar o hábito. E, sinceramente, já existe uma luta diária travada internamente contra vícios emocionais e psicológicos dessa existência pra me ocupar os pódios da vida. Já me concentrei nesse lance de aprovação e confesso que cheguei a me empenhar nesse propósito, mas não encontrei um sentido satisfatório em persistir nisso. Então, parei. A começar, por esses textos inconvenientes. Se o são mesmo, continuarão sendo. Não mudarei ponto, nem vírgula, doa em quem doer. Muitas vezes, doem em mim e nem por isso deixei de escrever. A dor ainda é a forma mais rápida de se chegar a alguma cura. Doeu, tratou. Se não dói, a gente deixa a coisa inflamar por dentro até apodrecer ou sair na urina. Mas, muitas vezes, o que os olhos não vêem, reflete na alma. O que eu quero dizer a quem gosta de objetividade se resume num velho bordão, “pimenta nas mucosas alheias é refresco”. Aos amantes da subjetividade eu deixo minhas entrelinhas pacientemente tricotadas com fios de silêncio. E a seguinte dica: Eu não falo mais das coisas que, em mim, se calam. E eu não concordo com tudo que não contesto. Mas está tudo aqui. Não é fácil gostar de mim como parece. Não é fácil gostar de quem eu gosto de ser. Mas, eu gosto de ser livre e de sentir, mesmo quando esperam que eu pense. É mais seguro, em tempos de violência como este.
E, abençoados, ou os amo como são ou não os conheço como deveria.

Bons dias de primavera aos que gostam de flores!
Eu tenho loucura por elas...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

e o mar... ainda é amor.

Foi meu "batismo". Não fui avisada de nada, porque não importava. Eu sabia que ia. Todos sabíamos onde deveríamos estar. Mas eu nunca havia ido tão longe... Pede licença e entra. As ondas são a saia rodada da mãe d'água e é dia de festa no mar. Ela dança e você vai passando por entre todas aquelas anáguas. A barra de espuma rendada bate forte no rosto, desafiando seus pretendentes a entrar um pouco mais, a ir um pouco mais fundo. Quanto mais entrávamos, mais ela dançava, nos jogando de um lado para outro, brincando com nossos limites. A praia ia se afastando e as ondas aumentando. Só daquela proximidade é possível assistir na íntegra o espetáculo. Àquela altura, já éramos parte dele. Estávamos ali por uma razão. Possuíamos um propósito maior do que chegar lá, mas ali tudo era válido, tudo era conquista. Por mais que eu nadasse, não parecia o bastante. "Tamo quase lá!" Uma mão amiga extendida, nesse instante, é muito mais que uma força motora, é uma gesto extremo de amor e solidariedade. Toda a força usada ali, na verdade, vem do coração. Os medos esvaem-se num descarte de limitações absurdas que, se permitirmos, nos aleijam a alma. Cada vez que me pergutaram se eu estava bem, eu me sentia ainda melhor. Apesar da dor. A necessária dor de explorar capacidades, colocando-as à prova. Músculos exaustos. Calos em feridas abertas sob os pés-de-pato indispensáveis. O joelho se pronuncia em protesto. Cãimbras no pé. Mas, então, alguém olha e diz com admiração "nunca imaginei ver vc chegar até aqui!", "bem-vinda ao outside!". É inexplicável. A dor exige uma trégua. Hora de se entregar ao mar e deixar ele me devolver generosamente ao iníco de tudo, onde a aventura começa e termina repetidas vezes, sem acabar jamais. Lá dentro a compreensão da natureza vem em plenitude. Não é solitário nem assutador. É um útero sem fim de amor e acolhimento. É a celebração da vida que pulsa em cada metro cúbico de supremacia divina, diante da qual, representamos a consciência de seu mistério. Não é apenas uma experiência esportiva ou meramente contemplativa. É uma savana mística, onde a nossa natureza selvagem nos guia através de nossos próprios mistérios, ali, revelados. E um reencontro consigo, com a fonte de força interior oculta das fraquezas impostas pela vida moderna. O sol se vai em cores irreproduzíveis. Em meio ao êxtase, a dor se mistura com o prazer. Ao sair da água, o corpo posto à prova precisa nos punir pelas feridas magoadas. É imprudente voltar lá agora. Ainda me atrevi, mas o sal e a areia viram uma pomada sádica sobre a pele exposta e sensível. Então, me sento diante da visão magnífica, respiro fundo, enchendo os pulmões daquele momento e espero meus amigos retornarem daquela nossa segunda casa. Eles confiaram em mim e me fizeram confiar também. Eu conquistei o topo daquele dia. Superei a mim mesma, a única que poderia me impedir de fazê-lo. E eu jamais esquecerei novamente que posso fazê-lo sempre que bem entender. Finalmente, somos eu, o amor e o mar. Oxalá!

sábado, 28 de agosto de 2010

Enfim, da verdade. Por fim.

Onde andarão as palavras que lhes devo? Devo pensar que me pertencem, estas que fogem de mim como raios na tempestade de verão? As minhas palavras pertecem a uma verdade que não é só minha. A verdade não é de ninguém, mas está ao alcance de todos. "A minha verdade". Isso ainda me perseguia. Não tenho mais verdade. Hoje prefiro ter a mim apenas. Não era habitual saber-me propriedade inalienável de mim mesma. Mas o que pode haver de mais inalienável do que o desejo, que nos dá os únicos itinerários que seguiremos à risca? Então, não é o desejo a grande verdade de cada um? Ou seria a grande mentira? O maior dos mentirosos adora se enganar. A patologia está em acreditar, vejam só! (Aquela outra adorava confiar...)

Acredito nessas palavras. Creio em mim com a veemência que dedico à arte, indecifrável código dos sensíveis. Acredito que vou saber me cuidar. Mas, o que será das palavras?

Ora, que vislumbre! Acabo de perceber que não estão fugindo, as danadas... Estão dançando! Ensaiando... Ah, dancem! Na hora do baile, todas estarão no salão. À disposição.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

À amiga que aprendeu a amar.

Essas palavras eu não queria dar. Mexeriam em aspectos encravados demais. Também não lhe podia negá-las. Então, mexeu. Mas, acredite, eu sei o que é estar perdida. Sei perfeitamente o que é não encontrar refúgio, não poder pedir arrego. Conheço intimamente a sensação de não encontrar uma escolha que não machuque, um caminho que não leve consigo um mínimo de dor. Sei o que significa desejar ardentemente fazer a coisa certa e, ainda assim, sentir que tudo continua errado. Sei bem o que é encontrar paz em lugares improváveis, impossíveis e inadmissíveis. Segundos milagrosos que parecem curar da loucura entranhada nesses termos do sentir, aos que optamos quando definimos quem ou o que seremos em cada vida.
Eu queria poder dizer que tudo ficará bem, mas a verdade é que eu não sei se será assim tão simples, gostaria muito que sim, que fosse sempre justo, sempre válido, sempre real... Mas tudo pelo que vale a pena viver é sempre difícil. Eu não posso lhe dizer que porque tem tudo pra não ser, assim o será. Não, ponto. Eu quis tanto não acreditar sozinha nas minhas coisas sagradas. Mas era não, não e não. Do não eu já sabia, difícil era encontrar quem me falasse do sim. Desse só eu soube. Esse sempre foi exclusivamente meu. Mesmo agora quando muito daquilo com que eu me importava me foi tomado, eu ainda tenho o que sempre foi unicamente meu. Se eu guardei, se cuidei, se zelei ou não, só eu sei. E, mesmo agora, bebendo essa solidão voluntária, só eu sei das coisas que em mim habitam o espaço do íntimo.
De tudo que eu cogitaria mudar, não me arrependeria de ter sentido, vivido, chorado ou repetido nenhuma das coisas que estão no topo da lista do que não se faz. E já fui suficientemente testada nesse sentido. Esse é o meu destino, cujos passos, eu coreografei e venho ensaiando em meus sonhos desde que tenho lembrança.
Em tese, embora pareça que eu sei muito, a verdade é que, como a grande maioria, do que importa de verdade, eu só sei o que sinto.
E, hoje, eu sinto tudo demais.
Uma dica válida: Viva com o coração.

Se precisar de ajuda, é cortesia da casa!

=o*

segunda-feira, 12 de julho de 2010

a uma amiga, do assunto inacabado.

(Por uma vida menos medíocre...)

Essa coisa de aniversário, inferno astral e blá bla blá tem me feito pensar longamente sobre a minha vida. Certas inquietações despertaram de um coma induzido por mecanismos avançadíssimos de autodefesa. Nesses termos, deveria ser diifícil até saber o que não pensar, mas os pensamentos chegaram pra ficar e se instalaram por todos os lados. Já não dá pra fingir indiferença ou forjar distanciamento. A hora é de confrontar.
Não quero esperar que as boas coisas aconteçam apenas quando eu tiver melhor condição financeira, mais (matur)idade e/ou ainda mais reesponsabilidades (nunca menos) que não deixem tempo para pensar em tudo que não estou fazendo e que nunca fiz. Percebi que essa vida vindoura, o futuro, pertence à mesma vida que vivo agora. Que o que acontece ideologicamente lá, pode perfeitamente acontecer aqui, imediatamente, desde que eu me desprenda da idéia ilusória de que o que tenho de mais importante a fazer agora é pensar no depois. Quando eu estiver lá, mais perto do fim derradeiro dessa existência, nao vou poder "desplanejar" tudo e refazer planos que deram errado. O passado será algo inalterado. Aí então, pensarei, insatisfeita, no que estou fazendo hoje. As sementes certas a plantar são os sonhos que pretendemos realizar e fazemos isso sonhando, pregando sonhos, a forma menos densa das nossas vontades, mas a representação fiel de quem somos e do que queremos ser. Eu quero ser feliz. Quero ser amada. Quero amar. O que estou fazendo para que isso aconteça? O que tenho feito? Tem funcionado? Minhas sementes têm germinado? O quanto da felicidade e do amor que almejo eu tenho alcançado?
Todos os ontens e amanhãs desta vida são uma coisa só enquanto existência e o tempo é o agente de nossa condicional. Ser livres depende de como lidamos com ele.
Quase três décadas podem significar, no final das contas, três minutos ou três vidas de evolução.
Eu não pretendo perder mais nenhum segundo. E você?

(continua...)