Eu nunca havia entendido pra que serviam sentimentos horríveis como raiva, ódio, rancor... De repente, o impossível aconteceu e eu até me sinto mais humana, terrivelmente mais humana. Esses abomináveis "sentimentos" nada mais são que ferramentas de auto-defesa, não para todos, eu acho. Não para os que se utilizam disso para destruir os outros, mas é bom para quem deseja destruir alguém dentro de si mesmo. Não sei como fica depois que vai passando, porque tenho consciência de que não dura mais que o necessário, já que tenho um coração puro (e como o tenho!). Acho que deve ser como uma espécie de rebordose de uma droga alucinógena qualquer, que impulsiona, motiva a fazer coisas irrefletidamente durante um certo período e depois traz uma puta ressaca moral. Né assim? O ódio, para pessoas como eu, deve ser bem por aí. Não vai ser bom pra mais ninguém enquanto ele estiver aqui dentro, sinto muito. Aliás! Acho que vai ser sim... bom pra todo mundo que me fizer esquecer dele pelo tempo que for, porque eu vou estar plena de mim, sem aquela baboseira sentimental insuportável, sem aquele chorôrô chatérrimo e mais calma com a ajuda do meu mais novo amigo-doutor-de-infância, que me entende mais que ninguém! Pensando melhor, vai ser bom pra todo mundo, inclusive pra quem eu temporariamente odeio, porque agora vai poder reinar feliz e livre em toda a sua pseudo-perfeição, sem ter de esbarrar comigo por aí (coisa que vou tratar de evitar) e lembrar que a imperfeição às vezes é muito mais deliciosa, excitante, atraente e completa, muito mais do que ter exatamente aquilo que a gente acha que quer. Porque, na verdade, a gente nunca sabe exatamente o que quer, a gente só imagina como deve ser, mas só é bom quando não vem impecavelmente igual ao que se imaginou (até porque a imaginação não é fotográfica). Se a gente já sabe o que vai vir, que nem quando compra um produto bacanérrimo qualquer que alguém tem e compra um igualzinho, sem nenhuma pequena diferença, perfeitamente igual ao que a gente já viu e vem aquela sensação de que não precisava tanto daquilo quanto pensava... Agora, se a gente pede uma cor diferente, ou qualquer outro detalhe insignificante... vale muito mais a pena, não? Porque a gente não quer nada perfeito, nem padrão, a gente quer fazer da imperfeição a coisa mais perfeita e quer mostrar pra todo mundo que aquilo só é perfeito pra gente, porque foi feito sob medida e não adianta tentar copiar! Por isso peças únicas são tão caras. Por isso customizar tá na moda. A minha moda agora é odiar o amor que eu senti por quem não merecia. Pode parecer errado pra todo mundo e espero que essa moda não pegue, mas esse é o meu jeito imperfeito de fazer as coisas. E, quer saber? Tô nem aí pro que pensem. (porque ninguém faz e nunca fez idéia do que eu sinto.)
"água de torneira não volta
e eu vou embora
adeus."
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