Onde andarão as palavras que lhes devo? Devo pensar que me pertencem, estas que fogem de mim como raios na tempestade de verão? As minhas palavras pertecem a uma verdade que não é só minha. A verdade não é de ninguém, mas está ao alcance de todos. "A minha verdade". Isso ainda me perseguia. Não tenho mais verdade. Hoje prefiro ter a mim apenas. Não era habitual saber-me propriedade inalienável de mim mesma. Mas o que pode haver de mais inalienável do que o desejo, que nos dá os únicos itinerários que seguiremos à risca? Então, não é o desejo a grande verdade de cada um? Ou seria a grande mentira? O maior dos mentirosos adora se enganar. A patologia está em acreditar, vejam só! (Aquela outra adorava confiar...)
Acredito nessas palavras. Creio em mim com a veemência que dedico à arte, indecifrável código dos sensíveis. Acredito que vou saber me cuidar. Mas, o que será das palavras?
Ora, que vislumbre! Acabo de perceber que não estão fugindo, as danadas... Estão dançando! Ensaiando... Ah, dancem! Na hora do baile, todas estarão no salão. À disposição.
sábado, 28 de agosto de 2010
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